sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Rumo à Rio+20: Por que a economia verde proposta pelo PNUMA levaria a conferência e o planeta ao colapso?

O Rio de Janeiro sediará em 2012, vinte anos depois da Eco 92, a conferência Rio+20 que terá dois temas em sua pauta: economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
Ao longo das últimas duas décadas o mundo tem vivido um processo acelerado de deterioração: as crises sociais e ambientais se aprofundaram, o sistema de governança internacional entrou em crise de legitimidade, o sistema econômico-financeiro está muito perto de um colapso fulminante.
A Rio+20 pode ser uma oportunidade estratégica de redefinição dos rumos da política internacional e, portanto, da economia; de tradução em novas diretrizes da nova correlação de forças que vem se desenhando no mundo; e de estabelecer uma nova agenda que tire o planeta da rota de crise e colapso.
Infelizmente, porém, o relatório do PNUMA, que é um documento-chave da ONU na construção da agenda da conferência, propõe mais do mesmo ou, mais precisamente, propõe que o manto da economia verde seja usado para encobrir a falência do modelo de economia em curso e assim dar sobrevida a um sistema de exploração e injustiças. 
“O PNUMA define economia verde como uma que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente riscos ambientais e escassez ecológica. Em outras palavras, uma economia verde pode ser considerada como tendo baixa emissão de carbono, é eficiente em seu uso de recursos e socialmente inclusiva. Em uma economia verde, o crescimento de renda e de emprego deve ser impulsionado por investimentos públicos e privados que reduzem as emissões de carbono e poluição e aumentam a eficiência energética e o uso de recursos, e previnem perdas de biodiversidade e serviços ecossistêmicos. Esses investimentos precisam ser gerados e apoiados por gastos públicos específicos, reformas políticas e mudanças na regulamentação.
Não há dúvida que o relatório tem o mérito de enfrentar o debate sobre as condições econômicas e financeiras para a transição à sustentabilidade, lidando com o necessário debate sobre a relação entre economia, finanças e sustentabilidade, terrenos que dificilmente se encontram – e mais do que isso, são frequentemente antagônicos – tanto nas negociações internacionais quanto na maioria das políticas domésticas.
“O conceito de uma “economia verde” não substitui desenvolvimento sustentável, mas hoje em dia existe um crescente reconhecimento de que a realização da sustentabilidade se baseia quase que inteiramente na obtenção do modelo certo de economia”. Ao contrário do que afirma o controverso relatório-guia do PNUMA, o problema central a ser enfrentado pela conferência e pelo planeta não é sobre a substituição de uma economia marrom pela economia verde, quando são os mesmos atores os encarregados dessa substituição. É sobre se, antes da economia, haverá uma mudança na correlação de forças que faça possível que a política internacional e nos planos nacionais seja dirigida pelo imperativo dos direitos dos povos e pela justiça social e ambiental, e por um profundo debate societário sobre os caminhos do futuro, ao invés de continuar aprofundando a crise planetária para continuar enchendo os bolsos das corporações.

Referências : http://www.fase.org.br/v2/

-Flávia Dourado-

Um comentário:

  1. Realmente existem falhas nessa proposta, pois ela incentiva a economia marrom. O objetivo maior deveria ser erradicar a economia marrom e implementa a economia verde totalmente. Essa proposta deve ser revisada.

    ResponderExcluir